quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Eu renasci

Olá gente. Desculpe o sumiço. É que depois do que aconteceu estive offline. Mas foi por um bom motivo. Excelente motivo.

Há treze dias, na sexta feira dia 19, a noite, fui chamado para o que denominam sorteio do transplante. É quando aparece um doador e são feitos os testes de compatibilidade genética e as pessoas mais prováveis ficam a espera do resultado para que assim que sair já passem para a cirurgia. E desta fez o sorteado fui eu. Sim, fui transplantado. Duplamente. Ganhei um rim e pâncreas novos o que me dão perspectivas de uma qualidade de vida quase plena. Adeus as sessões de hemodialise e as várias picadas de insulina devido a diabetes que tinha desde 1 ano de idade (vou fazer 40 em dezembro).

Nesse período consegui postar no facebook alguns textos curtos sobre meus sentimentos, meu estado, que transcreverei abaixo.

Entro agora numa fase muito importante do pós-operatório. Com a imunidade super baixa devido aos imunossupressores que evitam rejeição terei uma alimentação toda especial e um período de 3 meses praticamente de quarentena. Poucas visitas movidas a máscara, luvas e muito álcool gel.

Tenho que agradecer a corrente de orações e as centenas de mensagens de apoio. Essa energia fez com que eu voltasse pra casa em tempo record praticamente. Fiquei 12 dias internado.


Texto no facebook de 25/10/2013

Após uma semana do meu transplante vou contar como foi. Foi rápido e nem deu de absorver a noticia.
E em seguida a cirurgia e a recuperação e a gt pensa em como dormir com tanta coisa conectada em vc. Devia ser wi-fi. rsrs
Recebi o pedido de comparecimento pro resultado do teste de compatibilidade sexta passada perto do meio dia pra estar no hosp as 20hs. Almocei e jejuei ate perto da meia noite
qdo o resultado realmente saiu. O enfermeiro veio e anunciou:
- Gente, saiu o resultado. O primeiro da fila eh o seu Antonio, mas o teste dele deu reagente positivo. Não vai dar pra ser ele. O segundo da fila é o seu Renato Gentile. Ele será transplantado hj.
Dai a ficha engasgou qdo descia enquanto recebia o cumprimento de todos. E o enfermeiro me indicou pra internação. Banho com tricotomia. Dai sala de cirurgia. Picada no braço. Conte ate 10 q não passou de 5 e seis horas depois estava de rim e pâncreas novos, 10 kgs a mais de inchaço e pensando em pra que tanto tubo em mim
.



Texto no facebook  de 28/10/2013

Hoje foi a festa de níver da minha sobrinha Bárbara. Ela fez 5 anos e não pude ir. Sei que é por um bom motivo mas isso me lembra tb a fragilidade da vida e dos momentos q perdemos por N motivos. A vida eh realmente curta e precisamos estar atentos para desperdiçarmos o mínimo possível. Não podemos controlar td. Por isso temos q saber apreciar o convívio com todos q amamos.Eu amo mto gt. E hj sei q sou mto amado e por isto mto agradecido. Devo estar fazendo algumas coisas certas e me sinto feliz em saber q poderei estar levando o bem de mim por mais tempo nessa vida de forma mais plena. Renasci. Quem tem chance de nascer duas vezes na mesma vida? Renato vem do latin q significa renascido. Se um nome eh o que significa então pra mim eh perfeito. Obgdo a todos. Estou com vcs q estão comigo. Bjs.

Vou descansar um pouco, pessoal. Até

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Somos o país do politicamente correto. Infelizmente!

Existem setores da sociedade que carecem de uma representatividade específica e por isso mesmo precisam de algum tipo de proteção. Pessoas de raça negra e homossexuais por exemplo eram estigmatizadas pelos termos negro e bicha, respectivamente. Em pró de garantirem sua integridade moral principalmente, tiveram sua denominação salvo-guardado, como meio de diminuir essa violência moral, por termos ditos politicamente corretos como afrodescendentes e homossexuais. Justamente nessa situação vemos o emprego do politicamente correto para resguardar direitos de parcelas da população que durante anos sofreram com a discriminação. Não que isso vá mudar muita coisa na prática, mas neste caso tentou-se corrigir de forma legítima uma condição muitas vezes vexatória a que sofriam alguns membros da diversidade da sociedade, e não menos importantes, formadores da colcha de retalhos que integram o processo democrático.

Pois bem. Aí alguém de caráter duvidoso começou a usar esse importante instrumento de preservação em benefício de alguns que não precisam ser preservados de jeito nenhum. E pronto: a mediocridade se escondeu atrás do politicamente correto. Luiz Felipe Pondé em seu Guia Politicamente Incorreto da Filosofia já defendeu essa teoria de que o Politicamente Correto esta refém do atraso, da ironia, da corrupção e fraqueza de espírito. É quase como a cultura muçulmana escravizada pelo fundamentalismo islâmico. Se Deus é vida, como conceber que se morra por Ele?

É claro que o termo se faz necessário e precisa se legitimar com força. Quando as reações politicamente corretas sobre as declar
ações infelizes do humorista Rafael Bastos  a respeito da gravidez da cantora Vanessa Camargo ecoaram nas mídias sociais e ganharam repercussão na mídia buscava-se aí a preservação de uma condição moral politicamente correta dentro da nossa cultura que era a gravidez da moça independentemente se era ela uma celebridade ou não. O problema é que o Politicamente Correto usado de forma errada nos leva a superficialidade de questões muito importantes para o desenvolvimento da nossa sociedade tão carente de sobriedade e identidade.

A muitos anos atrás quando participei de um grupo de jovens de uma ONG em que em dado momento decidimos fazer um seminário a respeito das ações daquela ONG, percebi que uma das grandes dificuldades de se entender o porquê de caminhos errados que a organização enfrentava era o fato das pessoas não desejarem assumir as responsabilidades de seus atos principalmente pela falta de enfrentamento originado pelo Politicamente Correto (PC) . Por culpa do PC as questões foram abordadas com superficialidade e o que era pra gerar um documento sério virou mais um manual de como fazer mais festas e angariar fundos.

Hoje vejo fatos de suma importância acontecendo em nossa sociedade mas sem a abordagem devida em decorrência do maldito PC.

A corrupção dos políticos e a representatividade dos que os elegem; a questão da dependência financeira geradas pelas bolsas de ajuda do governo a população carente; a revolta da classe médica brasileira com o programa Mais Médicos; a máquina do Estado a serviço do sumiço do Amarildo e o descaso com o sumiço de tantas outras pessoas são alguns temas que o PC nos faz desviar de uma abordagem mais profunda e substancial que pretendo possamos conversar aqui mais abertamente e com mais propriedade de forma mais sincera. Conto com vocês!

domingo, 13 de outubro de 2013

A dúvida de Arhun

As horas se passaram mais rápidas naquela manhã e logo o sol se aprumava ao céu azul diminuindo as sombras que agora se escondiam sob os pés daqueles que corriam para o pátio central do palácio. A notícia que uma ave estranha tinha sido vista carregando o broche real tinha se espalhado rápido e muitos tentaram chegam aos jardins próximos ao pátio central para saber o que fosse possível.

O rei Arhun pediu um reforço da guarda imperial para impedir um tumulto desorganizado que machucasse os curiosos mas para também preservar, dentro do possível, a própria integridade da princesa. Ela mesma sem muita noção do que acontecia ao redor apenas focada numa palavra: Khager.

Ela interpelou vários conselheiros que para ali haviam corrido mas nenhum se mostrou conhecedor daquele possível destino. Onde ficava Khager? Como se chegava lá? Seria tão distante? Quantas luas de viagem para se alcançar esse destino?

Uma das grandes aflições que tomam nosso coração é a possibilidade da descoberta de um amor mas a dificuldade de estar perto dele e vivencia-lo. O amor arrebatador é aquele que nos embriaga com a força da vida, que transborda por nossa existência. Temos o desejo de sair gritando aos quatro ventos o que estamos sentindo e a necessidade magnética de nos unir ao ser amado o mais depressa e pelo maior tempo possível. Somos tomados pelo cuidado para com o outro. Queremos saber se está bem. Se se alimenta devidamente. Se está trajado de acordo para o clima e até se olha os dois lados para atravessar uma alameda. Da grandiosidade ás coisas mais simples o amor preenche todas as lacunas da existência de uma pessoa. Mas para nossa princesa essas lacunas ainda eram grandes espaços vazios incertos. Ninguém demonstrava saber onde ficava Khager.

O rei Arhun se mostrou reticente. Não queria que sua filha se embrenhasse numa aventura para um local desconhecido em busca de um amor que mal podia ser correspondido. Quão distante seria aquele lugar? Quantas luas de viagem aquela ave teria passado até chegar à Kawtiby?

Mas nesse momento percebeu que o brilho da safira do broche que a princesa havia dado ao estrando e que agora voltava com a ave mensageira, perdia o brilho gradativamente quando se falava da impossibilidade de unir os amantes.

E o dias se passaram. E o céu começou a ficar mais nublado que o de costume. As águas já não desciam tão tranquilas das montanhas acima de Kawtiby. E a princesa se desvanecia na tristeza em saber que seu amado a esperava mas não tinha o conhecimento nem a permissão do pai para encontra-lo.

Certa tarde, Arhun foi ter com sua filha e tocado pela tristeza da filha e intrigado com os acontecimentos estranhos que começavam a assolar a cidade ele decidiu então buscar ajuda de alguém que talvez pudesse saber onde ficava Khager e por quê o clima da cidade estava tão estranho e o broche estava perdendo seu brilho.

A muito tempo, do outro lado das montanhas, onde o mar encontra as praias brancas, diz-se viver os anciões de Alkalimar. Segundo as lendas eles podem saber de todas as coisas que aconteceram, que acontecem e podem acontecer. Era uma viagem cansativa mas não muito demorada. A princesa se animou e agradeceu ao pai. No entanto este disse que não deixaria a filha ir sozinha atravessar as montanhas. Dois dias depois uma caravana estava pronta para cruzar as montanhas e encontrar os anciões. Movido pelo desejo do conhecimento mas também de proteger a filha, Arhun chefiaria a caravana. Kawtiby ficaria sob os cuidados de Palateias, a rainha. O broche voltou  brilhar um pouco.

Capitulo 01, capitulo 02.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Um conto de amor - Parte 2



Muitas luas cruzaram a noite daquelas terras. E muitas folhas cansadas, caíram ao chão sem sua vitalidade de costume, cobrindo a estrada de um tom melancólico. E ainda assim a princesa andava pela estrada da saudade na esperança de ter notícias daquele que levou parte de seu coração para as longínquas terras ocidentais. O Sol que outrora enchia de brilho o céu azul agora desvanecia sua luz pálida sobre parques, torres, pastagens, colinas, montanhas e um coração vazio.
O tempo, senhor das ilusões, não curava mais aquela ferida.
Para passar o tempo, a jovem se embrenhava na biblioteca real coletando toda a informação que podia sobre as terras além das pradarias e do grande rio. Mas sem exatidão, só podia imaginar qual delas seria a morada de seu viajante amado. Por que não perguntou de onde era? Como se fazia para chegar àquele lugar? Não. Acabou apenas se encantando com a doçura das palavras. A virilidade do caminhar. E o sorriso terno daquele estranho. E seus dias ficavam cada vez mais longos e o brilho de seu olhar cada vez mais opaco.
Numa manhã fria de outono, a princesa não quis levantar-se. Olhar a estrada vazia não lhe acalentava mais a esperança.  E lá fora toda a vida caminhava lenta com o ritmo do inverno que se aproximava. E o silêncio era o grito mais forte que se ouvia pelos corredores do castelo.  Silêncio este que certa tarde foi interrompido pelos acordes vindos das torres da vigia.
Os guardas se agitaram. O rei foi chamado. A princesa despertou.
Ao longe, no céu se via uma figura alada, branca de bico negro, gritando. E parecia carregar um objeto que brilhava á luz do Sol.  Demorou para identificarem. Era uma ave que ninguém conhecia ali. Mas estava paramentada como uma ave só poderia pertencer a alguém importante. Passou a dar rasantes sobre o pátio interno do palácio. Mas sem pousar. E continuava a piar incansavelmente. Guardas e arqueiros tentaram  atingi-la. Mas nenhum conseguiu.
Mas quando a princesa entrou no pátio, inexplicavelmente a ave parou de chamar. Pousou e se aproximou da princesa. Com pequenos chiados, saltou e pousou no braço da princesa. O rei ficou alarmado mas a princesa o acalmou. Mas então foi ela quem ficou agitada. Pois viu preso numa das garras da ave, o broche que outrora entregara ao viajante. Porém, agora com um brilho fosco. Com lágrimas em seu rosto, pegou o broche e viu um bilhete e um brasão junto a ele.
“Que minha ave real encontre a dona deste broche e que ela possa fazê-lo brilhar novamente. Só que ao meu lado. Pois meu coração a espera. Venha para a cidade de Khager”.

Para saber como essa história começou, acesse AQUI o primeiro capítulo.