sábado, 30 de novembro de 2013

A vitória dos excluídos e a derrota dos mimados.

Olá pessoal. Tarde nublada em Curitiba. Aqui o clima está mais cinza que os 50 tons de E L James, romance sado-mazo que virou best-seller. rs. Ótima oportunidade pra ler um livro, ir ao cinema, ir ao shopping, combinar com amigos de ir tomar um café num lugar bacana ou mesmo visitar um amigo que fez cirurgia e não pode sair pra nenhum desses lugares. ! Aaaahhh ... acho que esse amigo sou eu ... humpf !!!!)

Pra você que acha muito chato fazer as mesmas coisas e enfrentar aquelas filas, ou mesmo não tem um amigo que fez cirurgia pra visitar, ou ainda você fez a cirurgia mas o melhor é não ficar esperando ninguém que não marcou de aparecer, minha dica é sempre um bom filme ou série de TV pra matar o tempo ocioso. Não dá pra ficar contando as nuvens cinzas que passam sobre a sua cabeça.

Não acompanho muitas séries mas gosto de algumas especificamente. Também não sou nenhum critico profissional mas decidi escrever minhas impressões sobre duas séries que acho possuírem uma relação que se assemelha mas que tem resultados e abordagens completamente diferentes sobre temas parecidos. Adoro GLEE, e não sei porquê ainda existe a MALHAÇÃO.


Parece o universo paralelo da mesma temática. Conheci GLEE através de uma amiga, quando a fui visitar em Florianópolis (obrigado Lis). Já tinha ouvido falar mas achava que uma série sobre adolescentes que cantavam literalmente seus problemas me pareceria meio "aborrescente" demais. Ledo engano. Virei fã e passei a acompanhar desde então.

Glee conta a estória de um grupo de jovens mais impopulares e excluídos de um colégio típico americano que buscam através da música terem aceitação como indivíduos e resolver problemas da adolescência através da união entre eles buscando muitas vezes na música, respostas para questão que não ficam só na adolescência. Aceitação, preconceito, primeiro beijo, namorados, separação dos pais, doenças graves, gravides, violência entre outros temas que afetam pessoas de todas as idades são tratados de forma muitas vezes séria e adulta tempo como pano de fundo as apresentações musicais com desfechos emocionantes. Sou um cara sensível mas tem vezes que só se consegue ver o final do episódio com uma boa caixinha de lenços ao lado. E as apresentações musicais não são só pra dar ritmo. Não é apenas um "quem canta seus males espanta". Há uma música sempre perfeita pra ilustrar um momento que estamos passando onde simples palavras não definem o que sentimos. A música ajuda a expressar e a entender o contexto da história e a mensagem que o episódio quer passar onde muitas vezes um simples diálogo não poderia dar toda a carga de emoção que a música conseguiria. Quem nunca terminou com o namorado e de repente ouviu Adele cantando Someone Like You e pensou: essa música foi feita pra mim? Certo episódio tratou o conflito entre irmãos o que rendeu uma belíssima versão de Gotye para Somebody I Used To Know (clique aí e se delicie). E também tem os episódios especiais onde alguns dos maiores cantores da música pop são referenciados. Já foram homenageados Madonna, Britney Spears, Lady Gaga, Steve Wonder, Lionel Ritchie, Whitney Houston e tantos outros. Eles conseguiram colocar um time de futebol americano dançando Single Ladies da Beyonce durante uma partida num vídeo que ficou viral na rede. A série está na 5a temporada e nesses anos, estreou em 2009, tem estourado de audiência nos EUA e ano após ano conseguido vários prêmios dos principais festivais do gênero nos EUA (listinha aqui). Eu só não consigo entender por quê a Globo, que comprou os direitos de exibição, já passou as duas primeiras temporadas após o Jornal da Globo, lá pela 1h da madrugada. É um absurdo. Nos EUA é exibido em horário nobre perto das 21hs pela FOX. Bem, em se tratando de horário nobre da Globo, com Além do Horizonte, Jornal Nacional, Amor a Vida, realmente uma série como Glee seria um peixe fora d´água. Pra não virar uma coisa de fã, beirando fanatismo, consultei alguns sites que pudessem corroborar com meu pensamento e encontrei um, entre vários, com uma opinião um pouco mais "profissa" sobre porquê assistir Glee. Clique aqui e leia.


E no Brasil nós temos? ... M A L H A Ç Ã O !!! Agora me parece em dose dupla, pois o que é essa Além do Horizonte? O programa tem tentado evoluir nesses quase 20 anos de exibição (essa coisa tem tanto tempo assim?). Estreou em 1995, teve seu auge mas acho que se perdeu completamente no tempo. Claro que seu público mudou muito. As próprias transformações tecnológicas nesse últimos 20 anos mudou o comportamento dos jovens e sua forma de se comunicar. Mas isso não foi o abordado muito inteligentemente pela série. O que se viu, na minha opinião, foi uma certa bestialização da juventude. Jovens mimados sendo expostos a situações e comportamentos ridículos com abordagens extremamente superficiais e de péssimo gosto sobre assuntos como preconceito, gravidez, namorados, família e outros, onde acredito mereciam uma abordagem mais centrada. Não precisa ser um divã, afinal a coisa tem que divertir, mas não dá pra acreditar que nossa juventude esteja tão alienada assim. Ou estou errado?  E a cada temporada as críticas aumentam (veja aqui algumas). A Globo usou muito o Malhação como  laboratório de atores e alguns até tiveram um certo sucesso ingressando nas grade de novelas da toda poderosa. Acho que Caio Castro é o maior expoente. Mas a temática também é muito local para um programa de rede nacional. É carioquice demais, com sotaque demais. Nada contra gente. Amo o Rio e os cariocas. Meu porém aqui é exclusivamente ao programa. Temporada após temporada voltam ás redes sociais a questão do fracasso e quando a série vai acabar. Pois parece que há tempos voa bem baixo de audiência. Tamanho o desespero se vê até no intervalo de Amor a Vida, inserções divulgando a trama adolescente (pelo Amor de Deus, assistam Malhação). Nos últimos anos atores renomados foram inseridos na novelinha pra tentar dar mais credibilidade ás atuações. Desculpem crianças, mas ter Malhação no currículo já não ajuda muito.

Enfim, talvez alguns jovens me persigam na rua. Outros façam coro ao que penso. Mas "eu acho que é" isso. Eu poderia, embuído de toda a minha humildade dar um conselho gratuito á Globo. Já deu né!! Deixa o Jô dormir mais cedo e coloca Glee no lugar de Malhação. Pega essa turma e coloca metade no TV Globinho no lugar dos Encontros da Fátima. Casada com o William Bonner e mãe de três filhos ela tem muito mais potencial do que apresentar aquelas atrações musicais horríveis que vão no programa dela.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Enquanto isso, o tempo passa lento no hospital. Mas nada monótono!

E aí galera, como vão vocês? Espero que bem pois eu estou ótimo. Tive uns probleminhas com pontos semana passada mas está correndo tudo bem. Alguns abriram pois ainda não estavam na hora de tirar mas algumas medidas já estão fazendo eles fecharem de novo sem a necessidade de recosturar. Eu praticamente estou gravido, usando uma cinta pra ajudar na cicatrização da "cezariana". Mulheres, tamo junto. Amarrar o tennis é uma aventura.

Como havia dito num post anterior vários momentos de minha estadia considerei pitorescos e de certa forma me ajudaram a ver as coisas de uma forma diferente naqueles dias. Não que o transplante tenha sido uma experiência espiritual tanscedental e me mudou completamente. Mas como dizem alguns, se a dor é inevitável, o sofrimento é opcional. E achei que nem doeu tanto assim.


O primeiro raio de luz ... natural.

Pense em você 4 dias sem ver a luz do dia. O sol, a mudança da luminosidade na janela pelo passar das horas. Na UTI não tem nada disso. É luz de lampadas frias que com você deitado quando são acesas incidem diretamente em seu rosto e parece que iluminam até seu útero. OK, estômago, que esse todo mundo tem. E acendem a luz a qualquer hora sempre que precisam dar remédio, medir alguma coisa, trocar alguma coisa ou acudir alguma coisa... digo, alguém. Tudo bem, recém operado a gente não consegue dormir mesmo. Vive de cochilinhos ainda sob efeito da anestesia e sedativos pra eventuais dores.

Fui pro quarto e a médica e a fisioterapeuta disseram que eu precisava andar. Nem precisaram repetir. Depois de 4 dias deitado eu queria fazer uma maratona. Tudo bem que correr com sonda e dreno seria uma corrida de obstáculos, então decidi apenas caminhar e foi então que eu vi ...


... a cena do céu azul, com a planície e as montanhas ao fundo quase me fizeram chorar. Naqueles dias eu chorava até em propaganda de margarina. Mas enfim, foi emocionante ver a cena. O hospital fica na região metropolitana de Curitiba e da vista para a famosa Serra do Mar, região da Mata Atlântica do Paraná. Dá um desconto gente, parece realmente que não tem nada demais, porém pensem. Fazia 4 dias que só via luz de lâmpadas frias. Realmente o efeito da luz do sol sobre o astral das pessoas é crível de estudo. Vocês conhecem um lugar cinza em que as pessoas sejam muito felizes? Eu conheço o contrário.


Eu fiquei na ala das estrelas. Olha que chic.

Gente, eu sou demais. Na verdade não sei por quê colocaram o nome da ala que eu estive de Ala Diva. Sim, DIVA. Vai ver é homenagem a alguma doutora ou colaboradora, ou fundadora do hospital que se chamava Diva. Mas a associação imediata quando falava a ala que estava era outra. Bem outra. 

Aí comecei a pensar sobre o assunto. No hospital você pode pensar bastante sobre vários assuntos. Todos os cuidados ali são pra você. Coisa de Diva. Você veste coisas estranhas, roupas extravagantes. Coisa de Diva. Seus adereços são diferentes e lançam tendências e conceitos (tudo bem que uma fantasia de sonda e dreno com soro pendurado deve ser bem estranho (né Gaga?). Mas é coisa de Diva. As vezes eu ouvia uns gritos na noite vindo de outros quartos. Coisa de Diva. E em seguida gente correndo pra acudir. Coisa de Diva. Eu estava no lugar certo. As vezes apertava só um botão e aparecia alguém pra me ajudar. Eu sou uma Diva. E acreditem, até pra me ajudar a fazer pipi tinha alguém que me ajudava. Eu era uma Diva total. Estava no lugar certo. Só faltava eu abrir a porta do quarto e tocar VOGUE ao passear nos corredores. Strike a Pose total. 
Pra brincar um pouco com essa história, tem um vídeo bem legal da série GLEE que brinca com esse desejo contido que todo mundo tem de ser DIVA por um dia pelo menos. Eu já tive meu dia de DIVA e você?

Diva por Divas, eu prefiro as mais experientes. 


A lá Jack Nicholson em Something Gotta Give. #soquenao

Ok. Momento constrangedor. Sabe que é raro você ficar sozinho num quarto quando seu tratamento é todo feito pelo SUS. Nada a reclamar pois foi tudo do bom do começo ao fim. BUT ... eu dividi o quarto. Isso não é problema. Transplantados ficam em até dois no quarto com visitas super controladas. Se bem que as vezes tinham 6 pessoas lá dentro e eu não imaginava como era possível. Eu não tirava a máscara. Meu colega tinha feito transplante de coração e devido ao tipo de procedimento ele tinha secreções. E usava só o avental. O problema é que ele não amarrava atrás e gostava de se levantar. Aquela cena começou a me incomodar. Gente, amarra né. Quer passear, amara né. Eu entendo toda a situação. Mas amarra né.  Era o tiozinho sensualizando no hospital. Capaz. Tanta gente pra fazer isso de unha encravada. Cheguei a postar no Facebook que ia acabar passando a mão na bunda do tiozinho pra ver se ele aprendia a amarrar o avental. Piadas e comédias a parte a coisa rendeu até que ele conseguiu vestir a roupa. Ufa. Tá certo que posso ter sido pouco compreensível.  Mas lembre-se, quem estava lá todo dia era eu: de pijaminha.



Bem-vindo ... DORIVALDO?

Eu ainda me surpreendo com a criatividade dos pais. Pensa aquele menininho lindo, todo fofinho, cheio de vida, quietinho no colo da mãe com o papai do lado quando alguém diz:
- É o Dorivaldinho mais lindo que eu já vi.


Sério que podem existir outros? Meu Deus. O que aconteceu com os Robertos, João Marcelo, Pedro Paulo, Mario (até o Mario), Renato ... Maurício, José. Será que os pais se chamam Doriana e Nivaldo? Já não ajudaria muito mesmo. Ou é homenagem ao avô? Desculpem o sarcasmo com o nome da criança, mas vamos e convenhamos né gente. Uma amiga psicologa pediu o fone da família pra atendimento futuro. Bowlling pronto. Um advogado também. Enfim, que seja muito feliz e tenha saúde.  


As vezes no silêncio da noite ... da manhã, da tarde, da madrugada

Hospital. Lugar de muita energia curativa. Centro de excelências. De dedicação e amor pelo que se faz. Local de tranquilidade, paz e raves todas as noites. Oi...? 
Quando eu era criança e passava á frente de hospitais eu sempre via aquele placa azul com um círculo vermelho cortado ao meio com um buzina dentro. Pra mim desde então ficara muito claro que quando se passasse ou estive naquele local devia-se fazer silêncio de forma imperativa. Mas não foi bem assim que ocorreu nos dias que fiquei no hospital. Depois que fui pro quarto percebi que essa não era uma retórica constante. Bem pelo contrário. E a janela do meu quarto dava pra um corredor interno onde se acessava o vestiário do centro cirúrgico. Era uma feira. As vozes ecoavam. O horário de pico era perto das 06 da manhã. Aquela do paciente tentar tirar o soninho gostoso. A situação era absurda e cheguei a reclamar várias vezes com as psicologas que todo dia iam nos ver pra saber coo estávamos. Era a minha única crítica.. Em vão. Chegava a pedir silêncio da janela, mas mudava de turno e começava tudo de novo. Realmente era uma coisa chata. E no corredor as divas se multiplicavam. Também tinha muito "converserê" e o corredor era local de passagem. Carrinhos de tudo cruzavam aquela ala. Minha mãe foi falar com o ouvidor que disse que entendia mas pedia compreensão que o hospital estava em reforma. Bem, haviam pessoas que estavam em reforma naqueles quartos e necessitavam do silêncio como parte do tratamento. Não queria uma bolha sem som, mas um pouco mais de esforço e consciência das pessoas. Acho natural isso. 


Hoje está fazendo um mês e 8 dias do meu transplante duplo. Procurei relatar de forma positiva o que me passou nesses dias de internamento e aqui estão os principais deles. Em nenhum momento pensei em desistir mesmo nem sabendo ao certo pelo que passaria mas acredito que venci. Estou vencendo. Sei de histórias de pessoas com medo e principalmente pra elas que eu acho que escrevi essa minha história dessa forma. Minha médica, extremamente dedicada e competente, havia me dito que seria um período difícil. Eu decidi encarar de frente. Como disse antes, se a dor é inevitável façamos o sofrimento ser opcional. Optei me encher de esperança a cada ligação me chamando para a possibilidade do transplante. Coisa que aconteceu apenas na décima vez. Realmente não acho que sofri. Passei sete meses ligado a uma máquina 3x por semana durante 4 horas e saía dali e ia enfrentar 6 a 8 horas de trabalho no banco. Sei que tem gente nessa rotina ha 5, até 10 anos. Pra elas principalmente passo a minha esperança. E vou continuar escrevendo sobre as cosias boas que farei e faço. Símbolos de que tudo vale a pena. Obrigado por lerem.

Seguem outros links para essa história.


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Capítulo VI - Respostas Esquecidas


Se recuperaram um pouco daquele momento doloroso em parte graças a serenidade e empatia do ancião Iramaelis. Sua doçura na voz mas com a firmeza que lhes dava confiança, beberam um pouco de água e logo se postaram a caminhar seguindo o ancião por um trecho da mata. Na outra margem, Arhun havia pedido aos que não tinham conseguido passar que armassem acampamento e os aguardasse.

Caminharam até o sol lhes esconder as sombras sob os pés. Chegaram numa clareira verdejante onde de perto se ouvia a água a correr. Uma tenda coberta de folhas e uns retalhos de peles de animais que faziam a função de porta dominava a paisagem na parte sul da clareira. No ar, o aroma da maresia trazida por uma brisa constante. O mar estava muito próximo.

Iramaeles pediu ao assistente de cozinheiro que sobreviveu que descansasse. Ele mesmo providenciaria algo que os deixaria mais fortes e animados. Após alguns minutos os que estavam fora sentiram aromas que lhes abriram o apetite. Não souberem identificar mas o cheiro das ervas que Iramaelis usava dominava o lugar. Depois de um tempo chamou os viajantes a adentrar a tenda.

Ficaram maravilhados. A tenda era grande por dentro. Não parecia tanto assim por fora. Uma mesa simples mas bem arrumada no centro com lugares para todos enchia a visão naquele primeiro momento. Velas aromáticas iluminavam a cena auxiliado por algumas aberturas no teto. Nas paredes peles, amuletos, objetos decorativos de vários estilos, tecidos simples, estampados e até brocados. Móveis não haviam muitos, alguns baús apenas. Ervas e outras plantas, inclusive flores de vários tipos preenchiam espaços em todos os cantos. Era um lugar especial.

-- Adoro tudo que cresce na terra. Disse Iramaeles, completando. -- Alimentem-se e fiquem á vontade. Devem estar famintos e estômagos vazios absorvem pouco do que chega á mente pelos ouvidos.

Fartaram-se com peixes de vários tipos e sabores. As ervas que serviam de tempero vaziam com que apenas uma porção não fosse suficiente para os viajantes. Acompanhados de legumes frescos crus e outros cozidos, agradeciam por cada novo sabor que degustavam. Uma bebida levemente adocicada servia de refresco.

Viver pelo mundo caminhando a tanto tempo trazia suas vantagens, dizia o ancião.

Frutas foram servidas como sobremesa. Então Arhun se adiantou e perguntou ao ancião sobre seu destino, Khager. Notando a impaciência no rosto da princesa, Iramaeles começou. Mas não pelo motivo principal da viagem e sim pelo broche que a princesa carregava.

Presente de Arhun á filha, estava na família real a mitas gerações. Chegou a Arhun  por sua mãe, avó da princesa. que havia ganho do pai e assim de geração em geração passando de mulher a homem e deste a uma mulher. Mas ninguém sabia a origem dele.

-- A muitas gerações, num tempo que para vocês hoje acreditam ser lendas, os dragões do tempo habitavam as montanhas acima de Kawtiby. Depois de anos de guerra um dos senhores da casa real fez paz com os dragões e estes protegeram a cidade até seus últimos dias. Cunharam um amuleto selando essa amizade que devia ser respeitada para sempre. Seu broche é esse amuleto.

Ficaram surpresos, mas Iramaeles continuou.

-- Numa época de sombras um inimigo poderoso aportou á Kawtiby e os dragões ajudaram o rei a defender a cidade. Os invasores foram expulsos mas a linhagem de dragões havia acabado. Apenas um ainda vivia mas ferido mortalmente. O rei foi logo ter com ele em seus últimos momentos com palavras de gratidão eterna e que aquela nobre linhagem de dragões jamais seria esquecida e para sempre reverenciada. Pena que parece que isso não se confirmou até os dias de Arhun.

O rei fez expressão de desconforto.

-- Vendo a ferida do amigo dragão, o rei que estava com o amuleto, pegou uma faca e fez um pequeno corte em sua mão que começou também a sangrar. Pegou o amuleto com a mão sangrando e o encostou na ferida do dragão. Ambos os sangues se misturaram e banharam a gema do amuleto que absorveu o líquido. A magia do sangue do dragão se misturou à alma dos descendentes da casa real de Kawtiby. Por isso as temeridades de seu coração, princesa, serão percebidas pelas mudanças de clima de sua cidade. Afinal, seu sangue está unido á linhagem dos dragões do tempo.


Acesse aqui o capítulo anterior, com links para os demais capítulos desta saga.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Os incríveis chefs que trabalham escondidos nas grandes cozinhas internacionais ... de Hospital!!!

                                                 Essa imagem é meramente provocativa.

Olá gente amiga, passageiros dessa nave errante que fica batendo de um tema a outro. Apesar de as vezes não ter muita lógica ela tem sim. A minha. Desculpa aí.

Pra você que sai de manhã na correira só com aquele cafezinho magro feito no microondas com café solúvel o qual geralmente termina no corredor esperando o elevador. Ou mesmo pra você que acorda uma hora antes pra ter o desjejum de príncipe que sua avó sempre disse ser a mais importante refeição do dia, saibam que pra tudo que se come existe muita gente se empenhando pra fazer do seu momento um grande momento de alegria ao abrir a boca e saborear o que desejar ou precisar.

Desde os croissants recheados aos brioches de Maria Antonieta (as vezes se perde a cabeça com tanta coisa gostosa não é mesmo?), ou mesmo somente com aquela coxinha com catupiry e um suco saboreados de pé na frente da lanchonete, tudo teve o carinho e atenção de alguém. Bem, ao comer qualquer coisa é bom pensar que foi feito com amor e carinho.

Mesmo um suco aguado e uma coxinha que esta fria por dentro houve uma técnica empregada pra se chegar naquele resultado. Seja para o orgasmo gastronômico ou para sua intoxicação alimentar posterior (3 dias de atestado em média).

Num hospital não é nada diferente disso. Afinal não dá pra viver só de soro por muito tempo. Seu aparelho digestivo não pode ficar muito tempo sem trabalhar. Após meu transplante voltei a começar a me alimentar por via oral a partir do quarto dia, quando fui transferido para o quarto.

Pense um restaurante de escala industrial com centenas de clientes, as vezes ate milhares, todos com um pedido diferente mais ao menos no mesmo horário. E são seis refeições diárias ao dia. Gente, é um Dom Antonio. (restaurante do bairro italiano de Santa Felicidade em Curitiba famoso por atender até 4000 clientes ao mesmo tempo. Só que lá o cardápio é padrão pra todo mundo).

Fiquei "hospedado" no Hospital Angelina Caron, na região metropolitana de Curitiba, no município de Campina Grande do Sul. Esse hospital, segundo informações é um dos que mais fazem transplantes no país. Acho que na primeira semana que estive lá, parece que foram um por dia. Tem um vídeo lá com o meu cirurgião. Não, não estou ganhando royalties. Mas não deixa de ser uma forma de agradecimento.

Enfim, pensem nos Chefs, su-chefs, auxiliares, atendentes e até no pessoal que servem as refeições pois não podem trocar os "pratos" dos pacientes. Já pensou servir comida de diabético pra quem está com anemia? E um arroz com batata pra quem fez bariátrica? Bem, só esqueceram da minha gelatina uma vez, que compensaram sempre trazendo duas nas outras vezes. De sabores diferentes, tá pensando o que?!!!!

Primeira fase - a dieta líquida

Comecei com a dita líquida. Depois de 4 dias no soro melhor ajudar o estômago a saber o que é comida com algo bem leve. Mas beeeeeeeeemmmm leve meeeeeeeeeessssmooo! Meu primeiro almoço ganhou o nome carinhoso de "água de batata a lá wake up estômago".   Gente, vocês já comeram, ou melhor beberam algo que não conseguiram identificar do que era feito? Tive essa sensação várias vezes. As primeiras colheradas foram difíceis (a foto mostra porquê). Além do que só descobri o sache de sal depois da quinta colherada.  Mas aí fui ao paraíso. Sal era vida e eu era feliz. O caldinho foi todo. Estava meio morno (chamei o maitrê e reclamei a demora na cozinha e não ia dar os 10% ... rsrsrsr). No dia seguinte a água de batata feita com alguma outra coisa já era esperada com ansiedade por mim. E aquele salzinho era salvador. E as gelatinas cada vez mais .. coloridas. Já dava até pra escolher. Ficar amigo do maitrê tem suas vantagens. A partir do segundo dia resolvi virar aquela bandejinha num copo de plástico e tudo ficou mais fácil. Entre uma refeição e outra, chá.

Segunda fase - dieta pastosa

Com a evolução da dieta líquida, veio a pastosa uma semana depois do transplante. Agora a água de batata vinha com uma batata no caldinho agora bem mais consistente. Ainda dava pra tomar de canequinha mas era bom a ajuda da colher. Mais sachê de sal e quase passei a acreditar que Jamie Oliver estava cozinhando pra mim. Mingauzinho ralo passou a substituir o chá da manhã e da noite permanecendo a tarde.

Terceira fase - dieta sólida (o rodízio imaginário do Dom Antonio)

Café da manhã da segunda-feria foi pastoso novamente, mas como a médica no domingo disse que ia começar a sólida, acordei naquele dia só pensando nas moças trazendo meu banquete. Aquele franguinho frito a passarinho bem sequinho com aquele rodizio de lasagna na manteiga, espaguete verdi ao sugo, ao funghi, o frango presando, o nhoc frito, a saladinha de chicória com vinagre de vinho tinto, conchiglione de abobora, a polentinha frita ... huuummmmmmm ... estava tudo lá. Estava tudo lá na forma de arroz e feijão (sem caldo), pedaços de frango cozido, polentinha mole cozida, brócolis e couve-flor. Tudo sem sal numa bandejinha de alumínio. Sem direito a repetição. Mas tinha gelatina. Mas pessoal, eu realmente comi aquilo como se fosse o rodízio que mencionei acima. E estava muito bom. Sachê de sal. Rapei a bandeja e depois fui caminhar. Rodízio é rodízio né. E no café da tarde tinha ... café. Com leite. E pão  integral com geléia e margarina sem sal. Que marravilhe! Achei que estava na Ana Maria Braga e não sabia. Pra que câmera eu olho?

Na quarta a tarde depois de 12 dias de internamento recebi alta já com saudade daqueles chefes maravilhosos que tanto se empenharam pra me trazer as melhores refeições da atualidade pra minha realidade. Tá bom, é deboche. Hospital por mais 5 mil estrelas que seja, é hospital. Fui super bem tratado lá e saí só com elogios por toda a equipe. Inclusive os cozinheiros. Só o barulho que achava demais pra um hospital. Ma isso é assunto pra depois.

Portanto se você não tem restrições alimentares, divirta-se. Mas não abuse. Uma água com batata por mais providencial que possa ser em certos momentos não substitui o prazer de um pão com manteiga bem quentinho. Buon apetit!

Também adoro comida mineira. Foto de abertura deste post pra nos irritar.

Não satisfeito e com aquela saudade toda da cozinha do hospital, no sábado seguinte - 2 semanas após o transplante, fui visitar os cozinheiros por mais quatro dias. A comidinha de casa não desceu bem. esses quatro dias de receitas você acompanha aqui.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Capitulo V - Águas Ocultas

Após mais uma noite tranquila mas cheia de ansiedade, acabaram despertando logo ao raiar do dia sentindo o aroma da maresia que soprava com os ventos vindos do mar que já estava próximo. O desjejum foi rápido. Não queriam perder tempo e logo se colocaram a caminho em busca de seu destino. Encontrar algum dos anciãos que lhes pudessem dar as respostas sobre que mágica existia no broche que a princesa possuía. Esta por si, só pensava em descobrir o caminho para a cidade de seu amado: Khager.

O céu estava limpo e o manto azul que lhes cobria os inspirava. Mas atrás deles ouviam o clamor nas montanhas e perceberam então que lá o clima estava diferente. Nuvens carregadas encobriam o topo dos picos mais altos e trovões ecoavam para o vale abaixo. Uma tempestade nas montanhas tinha se formado e aquelas nuvens logo podiam chegar ao litoral onde estavam. Apressaram o passo.

Adentraram a uma restinga e logo perceberam a mudança no terreno. Sob a terra a seus pés notaram a areia branca se misturando á massa escura. A praia estava perto. Contornaram um rochedo e já ouviam o barulho de água correndo. Não parecia o mar. Encontraram um braço dele. Não era tão largo . Talvez uns 20 metros de margem a margem. Corria com certa calma e decidiram atravessar. Um dos capitães indicou passar primeiro e levar uma corda ao outro lado pra garantir mais proteção o que foi aceito pelo rei Arhum de imediato. Não queria se arriscar. A margem foi logo vencida e percebeu-se que a profundidade era suficiente para ocultar apenas as patas do cavalo. Com a corda acreditaram passar sem problemas e iniciaram a travessia. Porém, quando quase metade da comitiva havia passado, inclusive o rei e a princesa, perceberam a correnteza aumentar assim como a vasão da água. Os que estavam no meio aceleraram mas logo a enxurrada os alcançou. A forte chuva que caía nas montanhas fez verter água para os contrafortes abaixo e desembocaram naquele rio. Homens dos dois lados seguravam a corda como podiam. No meio ao desespero, o cozinheiro com algumas provisões se segurava como podia. Mas não pôde muito. A força da água levou o pobre homem junto com o cavalo com parte dos mantimentos. O ânimo de todos se abateu. Desanimados, se prostraram em ambas as margens exaustos e entristecidos de dor pela perda do amigo. Mas entre os prantos e a dor silenciosa, ouviram então uma voz acalentadora e serena.

- Não temam meus amigos. Descansem de sua exaustão e sua dor. Tudo ficará bem agora.

Surpresos buscaram a voz e avistaram um senhor em vestes simples, de idade avançada se apoiando em um cajado. Seria a quem procuravam? Mas antes de perguntarem, já lhes foi dada a resposta.

- Sim. Sou eu a quem procuram. Estava aguardando por vocês. Pena que os encontrei um pouco tarde. Mas relaxam. A angustia de seus corações será aplacada.

O rei Arhum ia se apresentar mas antes que pudesse o velho senhor já o interrompia.

- Relaxe majestade Arhum. Sei quem são e porquê estão aqui. Mas antes de tudo, sou Iramaelis, o ancião do mar que procuram.

CAP I, CAP II, CAP III, CAP IV.


terça-feira, 19 de novembro de 2013

E hoje é meu aniversário de 1 mês de renascimento!



Boa tarde habitantes das fibras óticas e e sinais wi-fi pelo mundo. Hoje é uma data especial para mim. Mas acredite eu estava até confundindo. Na época quando tudo aconteceu foi tudo meio rápido e acabei me perdendo nos calendários. Hoje está fazendo 1 mês certinho que entrei na sala de cirurgia cerca de uma hora da madrugada e ganhei uma nova perspectiva de vida: realizei meu transplante de rim e pâncreas.

E lá se foi um mês de adaptação e uma recuperação que está sendo muito boa. Nesse mês muitas coisas aconteceram nesse processo. Um passo a passo que vem revelando novas vitórias a cada dia onde o sentimento de agradecimento permeia meus minutos cada vez mais. Foram tantas as mensagens de amigos e parentes dando apoio. Incentivo. Comemorando junto numa corrente de orações que era tanta vibração que sentia que se eu segurasse uma lâmpada ela acenderia em minhas mãos. Muito obrigado.

E há outro sentimento que senti aflorar pelo qual as vezes me sentia um pouco em conflito. Na verdade não era um conflito. Era mais uma dificuldade de definir uma energia maior, fora dos padrão existentes pelos quais muito pouco me identificava com o que já conhecia. Fé. Ela me tomou de uma forma especialmente particular. A gente fica muito emotivo nessas horas. Pode até confundir sentimentos. Mas algo quando acontece assim com você, você se sente realmente tocado por algo que não consegue explicar. Nesse momento acreditei que, acreditar em algo é questão de aceitação, não de compreensão. E entendi o que o Leonardo Boff explicou para Cissa Guimarães em sua entrevista para o livro da séria da GNT Viver com Fé, sobre isso. Ou a música de Gilberto Gil - Se eu quiser falar com Deus (essa interpretação de Elza Soares á capela é para corações fortes) - principalmente no trecho que canta "tenho que aceitar a dor". Ainda não sei o significado disso mas sei que essa fé está comigo e ela me impele a realizar algo novo. A graça que me foi dada depois de tantas coisas, não é obra do acaso. E por vezes meus olhos marejaram tamanha emoção que sentia.

Neste mês que se passou metade foi no hospital. Onze dias do transplante e depois outros quatro por uma dificuldade de adaptação na nova alimentação.  Sobre os 4 dias que internei já comentei aqui. Mas falei pouco sobre os dias logo depois da grande cirurgia. Até porquê a recente condição não me permitia mesmo. Na UTI você fica incomunicável e mesmo no quarto a fragilidade em que se encontra não lhe permite fazer muitas coisas. E em casa depois com tanta coisa o tempo passou e acabei não entrando em detalhes que acho que alguns são legais de mencionar agora nesta data especial.

FIM DA CIRURGIA: QUEM SOU EU?
A cirurgia foi na madrugada do dia 19 de outubro. Oito horas depois tinha um rim e um pâncreas novos dentro de mim. Você vai acordando aos poucos e tendo noção de que virou quase um Robocop. Sondas, drenos, acessos, tubos no nariz, na boca. Um monte de bolsinhas penduradas do seu lado com caninhos descendo líquidos que entram em você sem saber direito por onde. Dentro de um processo apurado de hidratação, entrei pra cirurgia com 75kg. Saí dela com 88kg. Mesmo depois de passar a anestesia demorei uns 5 dias pra sentir os braços e pernas novamente.

O PRIMEIRO BANHO
Não lembro se foi no mesmo dia da cirurgia. Acho que foi no dia seguinte. No domingo. Claro que eu estava lesado de tudo, mas lúcido e consciente até tentando fazer piada com as enfermeiras. Sabe como é né. Melhor tratar bem quem vai tratar de você. rs. Eles tiraram o tubo gástrico e acho que não rosqueou direito no meu estômago aí voltou um líquido quando tiraram sabe!! Aí banho. Só que num corpo de 75kg que tinha ido a 88kg em oito horas e com um rasgo costurado de uns 35 cm na barriga com pontos suficientes pra se fazer 10 megasenas, pra quem é esse corpo é meio complicado até respirar imagina tomar banho. Mas elas conseguiram. Deram aquele banho na cama mesmo. Me viraram pros dois lados. E aquilo era dolorido. Sem contar o pavor da possibilidade de fazer um movimento errado e cair. Desespero. Me lavaram (eu tentava nem pensar no constrangimento, mas as profissionais eram elas, não eu). Me enxugaram com a delicadeza necessária (ai ai ai). E ainda enxugaram e trocaram toda a roupa de cama. Elas deviam filmar e botar no youtube (com tarja preta em algumas partes). Ia ser um sucesso. Aparecer no Faustão. Dar entrevista pro Jô. Apesar dos AIs, ganharam meu respeito e admiração. E eu sobrevivi.

A RETIRADA DA SONDA
Na terça-feira fui para o quarto. Tiraram a sonda naso-gástrica que me permitiu respirar melhor. E os acessos do braço. Um lampejo de liberdade que logo sumiu. Estava com um acesso na subclavia feita no ombro. Um dreno pra retirar líquido da cirurgia e a SONDA por onde se elimina a urina. E lá ia eu de bolsinhas penduradas. O problema da sonda é que parece que a bexiga se desconecta de você. Quando percebe ela tá cheia e as enfermeiras vem descarregar. Lá pela 5a-feira sentia que ela começava a incomodar. Doer um pouco. Na sexta a enfermeira veio tirar.

Pai Nosso que estáis AÍ .. no céu ...

Não acredite em alguém de branco que se aproxima de você com luvas dizendo que só vai doer um pouquinho. É mentira. Eu até tinha esperança que não doesse pois meu colega de quarto tirou e disse que não doeu nada. Mas comigo tem que ser com sofrimento. Aquela dorzinha que sentia antes era que realmente estava inflamando e quando ela tirou tive a sensação que ela fez um parto por minha uretra. Gritei de dor perguntando o sexo da criança. Eles riam e eu me contorcia fazendo piada. Gente eu não presto. Por isso Deus tem "ótimo humor" comigo. Só pode. Fiquei um dia com sensação de cistite indo no banheiro a cada 20 minutos. Na terceira vez um coágulo de sangue saiu. Realmente passou um pouco da hora de tirar. Mas eu também sobrevivi.


Esses são alguns momentos da primeira semana. Vou preparar outro post sobre outros situações interessantes pra que esse não se torne tão longo. Acho legal dividir essa coisa porquê é algo muito importante pra mim e até acredito que possa ajudar outras pessoas com duvidas, talvez medos. Recebi uma graça como disse. Eu acredito. Se isso me foi dado por um bom motivo tentarei fazer direito e ser real merecedor. Obrigado por ler.



segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Quando o ex liga pra saber de você ...


Prezados colegas leitores, "ouvintes" sentimentais, estou bem. A recuperação da cirurgia do transplante esta as mil maravilhas. Não tive mais problemas com a alimentação. Estou fazendo tudo bem direitinho e só tenho a agradecer a tanta gente que sei que torce por mim. E é claro, Áquela força maior que ainda não sei bem o que é, mas pra ficar mais fácil chamo de Deus.

É gente de perto, de longe, do presente e do passado. Sim, soube que alguns sarcófagos se movimentaram nas tumbas umas semanas atrás e deram o ar da graça. Me contaram, eu não tive essa "visão".

É gente, vocês acreditam que o ex ligou? Sim, aquele dos 10 anos de relacionamento, que saiu sem dizer quase nada e que a cerca de 3 anos nunca mais apareceu. Pois bem, ele ligou pra me dar apoio, disse que sou um guerreiro, que mereço tudo de bom e que ainda terei muito sucesso. Não é um fofo? Pois é. Só que não. ELE LIGOU PRA FALAR TUDO ISSO COM A MINHA MÃE!!!! 

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA ...

Minha mãe sempre foi muito presente e por vezes eu dizia que aquela relação a 3 estava indo longe demais (risos múltiplos). Mas isso já é meio ridículo vocês não acham? Não sei como ele ficou sabendo. Talvez porquê ainda temos amigos em comum que o têm no facebook por exemplo. Tá, lembrei, talvez a irmã que eu tenho no meu pois teve uma época que eu fazia seguro do carro dela e ... enfim.

Mas sério gente, ligar pra minha mãe. Pare né. Será que fui tão traumatizante na vida dele assim? A única vez que me ligou disse que tinha sido engano e desligou em seguida. Tem algum psicólogo aí que possa me ajudar a entender? Não que eu precise. Mas pra eu recomendar sabe. Gente, só rindo mesmo.

É bizarro. Pra não dizer uma certa indelicadeza, como um amigo comentou. Não sei, a gente tem certos princípios e valores que primam pelo convívio social sadio entre as pessoas que se gostam e mais ainda com as quais nem se gosta tanto. Não se termina uma relação com mensagem virtual; liga avisando se vai atrasar pra um compromisso (ou marca mais tarde já prevendo atrasos né); pergunta pra pessoa o que ela gosta e não gosta de comer pra não ter a gafe de convidar um vegetariano pra um churrasco em casa. Coisas assim, simples. Ser educado e cortes com alguém com que se conviveu tanto tempo mas que um dia decidiu tomar outro rumo na vida, afinal a história esta lá. Mas tudo bem, não dá mesmo pra tomar ou outros por nós mesmos. Nesse caso o que me restou foram algumas risadas e uma certeza. Era ele mesmo.


DESABAFO: CANSEI DESSA GENTE HIPOCRITA!!

Qual é gente, vamos parar de achar que as mazelas do país são só do Lula e companhia e analisar as coisas um pouco mais além do escândalo do mensalão. Concordo que todo mundo devia ir pra cadeia e o Lula devia responder tb. Afinal, como a justiça pode simplesmente aceitar um "eu não sabia de nada" e ficar por isso mesmo? Mas botar só ele numa cruz e achar que tudo se resume a isso é infantilidade demais.

O caçador de marajás, Collor de Melo se elegeu sob a força da renovação e nos fudemos de verde e amarelo. Confisco da poupança de pois o PC Farias e ele foi caçado e vejam só. Hoje é senador da República.

Fernando Henrique teve dois mandatos. Vendeu o país a milhões. Ninguém viu a cor do dinheiro. E olha que a estabilidade econômica permitia fazer o país crescer de verdade. Hoje por exemplo temos várias empresas de telefonia oferecendo muitos serviços. Todos caros e em geral de péssima qualidade. Não era o contrário a promessa? E as estradas e ferrovias e aeroportos, saúde e educação e blá blá blá ...?

Vocês lembram do Maluff? Pois é. Milhões desviados no exterior comprovadamente e o cara sempre se reelege como deputado ou algo pior. Tá preso? Já devolveu algum centavo? Alguém põe a cara dele no facebook mandando prender?

Veio Lula e o mensalão. Depois de quase 10 anos alguém respondeu e tá indo passar umas férias na cadeia (ah ta q todo mundo acredita que vão ficar lá muito tempo). Menos o Lula, pai das bolsas que compram o voto ao PT de meio Nordeste e Norte. Sim, vcs são vendidos.

Lembram do escândalo do ex-governador do DF? Tá preso? Perdeu mandato mas mal se sabe se devolveu alguma coisa. Ele é do DEM (antigo PFL, partido mais coronelista q existe).

E o grande PMDB? Cujo a ideologia é ao poder de qualquer forma. Este está entre os membros mais caçados entre os partidos. Vide tabelinha abaixo.

Beto Richa, atual governador do Paraná (do PSDB) foi acusado de quando concorreu ao segundo mandato na prefeitura de Curitiba de pagar propina a um partido menor para que esse o apoiasse. Abafa o caso. Prometeu duas vezes metrô que não saiu. Virou governador. Botou a família inteira no governo. Nomeou assessor processado pela justiça e disse que achava tudo normal.

Nelson Justus ex presidente da Assembleia Legislativa do PR acusado de desviar milhões da AL. Sabem o que aconteceu com ele? SE REELEGEU! Tá lá de deputado de novo. Rindo da nossa cara.
Sarney, o clã imperador do Brasil. Mandam no Maranhão acho que desde que o Maranhão é Maranhão. Deve ser o melhor lugar pra viver no mundo e os melhores administradores. #soquenão. O Maranhão figura entre os mais pobres do Brasil. O povo merece?
Renan Calheiros ... esse vcs lembram. Senador alagoano. Nem vou perder meu tempo.

Mas o PAC da Copa vai resolver tudo ... pra Copa ser feita. O problema não é o dinheiro pra Copa e a falta dele pra saúde, educação e infra-estrutura em geral. A gente já tem carência disso a décadas. A culpa é de nossas más escolhas. Ou mesmo falta de escolhas. Tem que olhar mais amplamente mas isso é adjetivo de poucos. Brasileiro não tem consciência do coletivo. De sociedade. Votasse no Chico da Farmácia "porquê ele vende remedio pa nóis paga despois". Vota no pastor do culto que ele é homem de Deus e vai obrar pra nossa ingreja. Ou vota no empresário que se diz letrado porquê ele vai ajudar a economia do país (que merda eleger banqueiro hein).

O Lewandoski quando aceitou os tais embargos que geraram outro julgamento dos mensaleiros não deixou livre apenas alguns bandidos por mais tempo. Ele matou a alma do bom cidadão que ainda a maioria dos brasileiros tem. Eu vi gente de bem escrevendo que ia deixar de ser honesto tamanha a palhaçada desse país, mas que no fundo é o retrato de um povo. Eu mesmo me revoltei aqui. Com saúde precária, fazendo tratamentos estenuantes ainda trabalhava, ia a luta pra quê? Pra um filho da puta dar aval a corrupção milionária e deslavada? É foda gente. Da vontade de ver sangue escorrendo.

E os blackbox são vândalos porquê quebram loja de carros, de telefonia, bancos e repartições públicas. Gente, são símbolos do poder inatingível que se perpetuam com a exploração econômica e política e que tem "status quo" garantido. Difícil entender ou vcs acreditam na Patrícia Poeta e no William Bonner cegamente?

Enfim, esse post tá comprido, já falei demais mas se deixar ainda dá pra escrever algumas centenas de páginas. Desculpem se joguei realidade demais numa noite só mas é o que penso. Prender o Lula faz bem? Até faz. Nossa moralidade precisa. Mas a coisa não se resume a isso. Enquanto não termos a visão de mundo ampliada viveremos de anestésicos periódicos sem nunca encontrar a cura de verdade.

Boa noite. Fiquem bem. Desculpe alguma coisa mas espero realmente que esse texto ajude a pensar um país melhor.


Ou a gente volta aqui ano que vem fazendo campanha pra prender um ou outro safado novo com dinheiro na fralda do filho. Sim porquê na cueca já caiu de moda.



sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Ao horizonte o Mar de Zarhaês

Dois dias depois da decisão de Arhun, a comitiva partiu cedo para encontrar os anciões. O sol se encontrava ainda meio escondido atrás das montanhas mas já revelava um céu claro e azul. Seria um dia quente apesar de que naquele momento o orvalho da manhã ainda obrigava a comitiva a usar suas capas de frio.
Arhun ia a frente com o capitão e seus batedores. Aprincesa ia logo atrás com uma aia da corte e em seguida a caravana com guardas e provisões. Estavam bem preparados para longos dias de viagem caso algum contratempo ocorresse. Apesar da expectativa de uma empreitada tranquila nunca se podia imaginar que obstáculos as montanhas poderiam oferecer. E com as chuvas dos últimos dias toda cautela era bem-vinda.
O início da subida para atravessar as montanhas foi tranquila. Apesar do terreno se tornar íngrime haviam caminhos mais suaves a seguir para evitar maiores riscos. O dia aqueceu e ao longe quase não se via mais a cidade de Kawtiby. A tarde caiu rápida sobre os viajantes revelando a lua que carregava a noite consigo. Logo encontraram um local para o acampamento para passarem a noite. Durante o jantar a princesa se aproximou de seu pai meio apreenssiva. Tinha duvidas sobre encontrar os anciões.
O amor é um misto de esperança e inquietude quando o ser amado é uma lembrança na mente, uma ilusão aos olhos e uma saudade ao toque.
Arhun ternamente tranquilizou a filha. Pediu que ela alimentasse a esperança de seu coração com a certeza de que em breve suas duvidas seriam aplacadas. Tudo correria bem mas ela devia ter paciência e nunca perder a fé naqueles que a amavam. Tiveram uma noite tranquila e despertaram com o canto dos pássaros.
Partiram logo em seguida e fizeram um bom trecho do percurso. Encontraram uma estrada ladeada de hortências azuis que tornou a caminhada prazerosa. Após algumas horas começaram a ouvir o barulho forte de água corrente. Seria um rio correndo pelas montanhas? Dois batedores aceleraram a cavalgada para descobrirem de onde o som vinha. Voltaram alguns minutos depois dizendo que acharam um ótimo lugar para a parada do almoço. Ao cruzarem uma passagem de pedras, a avistaram.
Era alta, descia de um dos contrafortes dos rochedos á esquerda. Bela e luminosa sua imagem era um alento aos viajantes. Aquela cachoeira se derramava como um véu sobre a montanha formando um lago de águas cristalinas logo abaixo. Todos se maravilharam e decidiram almoçar por ali como recomendado pelos batedores. Aquela cena os encheu de esperança e apesar de não desejaram perder de vista aquela imagem, se renovaram de coragem para continuar a viagem mais rapidamente e encontrar logo os anciões. A viagem transcorreu tranquilo até o meio da tarde quando descobriram ter chego ao ponto mais alto da montanha. Após a virada num penhasco localizaram um plato aberto que lhes revelou que a partir dali começava a descida. Vislumbraram o vale abaixo da montanha e ao horizonte já podiam ver o Mar de Zarhaês, seu destino. Morada dos anciões.

 
Acesse aqui o capitulo anterior com link para os primeiros dois capítulos.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

TRANSPLANTE - Extended Version

Com minha recuperação indo as mil maravilhas, com os novos órgãos respondendo muito bem ao que vieram, depois de 11 dias minha médica me deu alta. Imagina minha alegria. Mesmo se um hospital é 5 estrelas, é um hospital. Você é furado, colocam um monte de soro em você (eu tava ficando traumatizado - aquelas coisas penduradas em mim com a sensação que cada gota demorava um minuto pra cair e entrar no acesso). Dezenas de comprimidos, exames de sangue todo dia, injeções e fazer xixi num frasco grande pra saber quanto de volume você esta expelindo pra ter noção do funcionamento do rim novo. Argh! E o acesso por onde quase tudo isso entrava era via um cateter no ombro que chegava na subclavia. Banho? Nem as aventuras de Indiana Jones tinham tanta emoção.
E a comida do hospital? Primeiros 3 dias sem comer. Passei a dieta liquida quando fui pro quarto e foram uns 4 dias assim. Vinha aquela água de batata sem tempero. Mas ao menos me liberavam um sachezinho de sal. E queriam que meu intestino funcionasse. Praticamente a rede de esgoto foi trocada pela de abastecimento de água.
Depois passei pra comida pastosa. Era água de batata com uma batata. E mais um sachê de sal. Minha alegria era a sobremesa. Gelatina. Cada vez de uma cor diferente. Sucessuuuuuuu!!!
Dois dias antes da alta mudaram pra dieta solida. Quase chorei de emoção e alegria com a primeira marmitinha. Parecia tudo divino: Um arroz com feijão sem caldo mais um refogadinho de legumes e um pedacinho de frango. Para mim parecia uma verdadeira macarronada de mama de domingo com direito a maionese e bife a milanesa. Mas sem sal. E da-lhe gelatina depois.
Dia da alta, alegria geral. Excelentes recomendações da médica e todo o manual da nutricionista debaixo do braço. Agora era só se cuidar direitinho pra logo ficar cada vez melhor. BUT ...
Primeira jantinha em casa arrisquei um purezinho de batata com carne moída. Pouquinha coisa. Mas pra um estomago de férias aquilo não fazia muito sentido. Passei a madrugada de 4a pra 5a com a sensação de ter comido um javali no melhor estilo Obelix (amigo do Asterix, aquele desenho francês). E aquilo não descia nem subia, não descia nem subia até que ... SUBIU! Depois de 3 golfadas o alivio tinha voltado. O javali foi embora e achei que agora tudo ia ficar bem. Um mingau de aveia de manhã ia resolver tudo e era só entrar no ritmo. Mas como diria Irmã Selma: SHOW DE HUMOR!!
O caldinho de frango cozido tinha um pimentão. Tinha um pimentão no caldinho de frango cozido. Outro javali e nem precisei esperar muito pra ele subir. A sexta correu bem sem o javali voltar. Mas a sensação que ele estava lá perdurou. Sábado as 5h da madruga, voltei pro hospital. Com um rim e pâncreas novos o estomago com crise de ciúmes resolveu aprontar das suas.
Fui internado. Como tinham tirado o acesso do ombro na alta anterior foram tentar pegar minha veia pra me tacar soro de volta. Na primeira não deu certo. Tentaram pegar a veia do dedo indicador. Quase morri de dor e não deu certo. Pouco depois veio a enfermeira mais gabaritada e conseguiu. Ufa. E mais soro. Isso ainda foi no PS. Internado, voltei a alimentação liquida, remédios, mais soro, furos no dedo pra ver a glicemia e mais soro e eu começando a ficar irritado. Minha validade de hospital estava chegando ao fim. Raio-X e exames de sangue normais. Mas o soro lá, grudado em mim a noite toda.
Agora pense a aventura. Madrugada com o soro na veia. Vontade de fazer xixi e esse xixi deve ser feito num frasco pra saberem quanto de liquido estava eliminando. Segura o soro, baixa as calças, segura o frasco, pilota o "amiguinho" pra acertar no frasco ... não sei se vocês contaram quantos braços eu tava precisando mas a conta não tava fechando. Aí que agradeço ter pais maravilhosos que nunca me desampararam. São pessoas realmente especiais em minha vida que eu só tenho a agradecer. Eles foram os braços e mãos que me faltaram.
Veio a segunda-feira e pediram uma tomografia tipo pra desencargo de consciência. Eu me sentia muito bem mas estava ficando injuriado pois não aguentava mais hospital. Meu nível de paciência e tolerância estava chegando a zero e acreditei que na terça teria alta. Bom, quase isso.
Tirando a impaciência me sentia ótimo. Mas a dra decidiu aparecer só no fim da tarde. E eu querendo fugir dali. Ela disse que os exames de sangue e o resultado da tomo ainda não tinham saído, estavam atrasados e então eu devia ficar mais um dia ali. SURTEI!!!!!
Disse que ia fugir mesmo, que os outros exames estavam bons e se esses não tinham saído não era justo eu ficar mais um dia de castigo tomando soro. Se alguma enfermeira aparecesse ali com um galão daquela coisa e ia fazer ela tomar o soro via oral. Se eu ficasse ali mais um dia ia ter que ser transferido pra psiquiatria e ser amarrado.
Como era preciso ela refazer uns laudos e formulários pra solicitar remédios gratuitos na secretaria de saúde do estado (soube que um deles custa 6 mil reais por mês) ela disse que ia providenciar e voltaria em seguida. Pois bem. Aguardei com a maior paciência de talibã que se tem em momentos de tensão já imaginando qual seria a enfermeira minha primeira vitima. Ia virar um homem-soro-bomba.
Ela voltou dizendo que teríamos que voltar no dia seguinte para pegar os novos laudos do remédio e mais a copia de alguns exames necessários para a solicitação. Mas que eu estava liberado. YEEEEESSSSSSS!!!! Nada como alguns argumentos sensatos e convincentes. Arrumei minhas coisas e saí quase saltitante pra casa. A alimentação não me fez mais mal e até já consegui ir ao banheiro como uma pessoa normal. Me sinto bem tomando todos os cuidados para uma recuperação tranquila e progressiva. Ainda estou evitando muitas visitas. Uma ou outra já é possível. Viva a máscara e o álcool gel. E espero que hospital agora só pra acompanhamento e exames. E que assim seja.