quinta-feira, 19 de junho de 2014

A Copa que não veio para Curitiba


 Bem amigos futebolísticos de Copa, falamos ao vivo da Arena da Baixada em Curitiba, onde gastou-se mais que o dobro do orçamento inicial para sediar uma amostra grátis de Copa do Mundo que acabou bem cara.

Quando o Brasil foi nomeado para sediar esta Copa a FIFA exigia oito sedes. Nosso querido comitê local bateu o pé em doze sob o pretexto de integrar o país mostrando ao mundo todas as regiões brasileiras. Pra quê? Claro, quanto mais sedes, mais gastança e mais uns por fora. Daí claro que os absurdos só aumentaram. Como alto gasto e o excessivo número de sedes no mínimo você já de cara tem a saber que cada sede será menos rentável em função do reduzido número de jogos por sede. Mais sedes, menos jogos por sede.

Vamos analisar a coisa só pela parte prática esportiva, pois sabe-se dos interesses comerciais e políticos. Os piores elefantes brancos serão Cuiabá e Manaus. Pessoal, os estados dessas duas capitais não tem times nem na segunda divisão nacional. O que farão com esses estádios depois da Copa? A FIFA vai levar junto quando for embora? Vão pagar pra times nacionais jogarem lá? Cada cidade sediará 4 jogos da primeira fase.

Fortaleza e Natal tem times na segunda divisão mas não justifica estádios padrão FIFA. Fortaleza ainda sediará um jogo das oitavas e um das quartas de final. Aliás, por que 4 sedes no Nordeste?  Reduto petista? Ah, entendi.

Brasília também não tem times na 1a nem 2a divisão do nacional. Mas é a capital federal. Que seja.

Então com jogos apenas na primeira fase temos Manaus, Natal, Cuiabá e Curitiba. CURITIBA? A cidade que quase não teve Copa por mal conseguir aprontar o estádio que diziam estar meio pronto acabou com uma meia Copa. Preterida pelo comitê local e pela FIFA a capital paranaense que tem dois clubes na primeira divisão (Atlético PR e Coritiba que já foram campeões nacionais) e é uma das cidades mais desenvolvidas do Brasil (não é nenhum primeiro mundo, mas ...) acabou também com apenas 4 jogos. Só que com os mais sem-vergonha.

Manaus tem Inglaterra e Itália e terá Portugal e EUA. Natal terá Uruguai e Itália. Cuiabá também não teve muita sorte mas teve um ótimo Chile e Austrália na primeira rodada. Curitiba teve o jogo mais terrível da primeira rodada entre Irã e Nigéria. Jogo muito ruim onde nem gol saiu. A Arena da Baixada ainda terá Honduras e Equador que perderam o jogo de estreia que tem no grupo Suíça e França. E tem dois jogos da terceira rodada que geralmente é jogo de eliminados ou desesperados. Grande decepção quem poderia salvar a Copa na capital dos pinheirais é a atual campeã a Espanha que vai cumprir tabela no jogo dos eliminados com Austrália na próxima segunda 23/06.  E encerrando a participação curitibana na Copa dia 26 teremos Argélia que perdeu da Bélgica de virada e a Rússia que só empatou com os coreanos na primeira rodada. Espero que a qualidade e importância desse jogo salve a empolgação da Copa em Curitiba.

Copa é uma celebração de culturas. Participar de um jogo é uma emoção ímpar mais do que a qualidade técnica do jogo em si que ocorre no gramado. Se a força política do Paraná é pífia ou se a culpa foi da mão de privada que sorteou os grupos da Copa agora é tarde pra falar. Mas que fique registrado. Em reportagem recente a FIFA elegeu Curitiba junto com São Paulo as melhores sedes da Copa. Se vale como console, ontem assistindo a Rede Bandeirantes, Milton Neves falando dos jogos comentou: "Curitiba não merecia isso, tinha que ter jogos melhores".





quinta-feira, 5 de junho de 2014

E a Globo esqueceu Romário.


 Sensação da Copa de 1994, Galvão Bueno, o amado odiado locutor oficial da seleção, só falava do talento do "baixinho", Romário. Lembro como se fosse ontem, ele era o que o Neymar é hoje em dia. Tinha 20 anos de idade e o Brasil obtivera seu último mundial 24 anos antes, em 1970. 

Era Romário pra cá, Romário pra lá. Nesse aspecto nada mudou. Assim como é a bajulação com o Neymar (acordando, correndo, treinando, tirando meleca do nariz, soltando pum) era com Romário, que junto com Bebeto, faziam a grande dupla de ataque da seleção daquele mundial. Foram responsáveis por um dos melhores jogos da Copa, contra a Holanda, num 3X2 que entrou para a história também pela comemoração do segundo gol do Brasil, feito por Bebeto, que comemorou imitando o gesto de embalar em seus braços o filho recém nascido, Matheus. Todo mundo se emociona até hoje com essa lembrança que virou o símbolo daquele mundial.

Mas a Globo esqueceu Romário. Numa retrospectiva que passou no Jornal Nacional, Galvão falou da grande amizade de Bebeto e ... Leonardo. É, Leonardo, que no jogo anterior, contra os donos da casa os Estados Unidos, foi expulso por dar uma cotovelada num jogador americano e que não jogaria mais naquela Copa.

Romário sempre foi meio polêmico. Grande jogador do Flamengo e do Vasco era famoso por não aparecer nos treinos. "Treinar pra quê" era seu bordão que até virou música. Foi preso por não pagar pensão e teve uma bela cobertura no Rio hipotecada  em função disso. Romário saiu das manchetes de jornais e entrou para a política. Atual deputado federal pelo Rio de Janeiro, tornou-se um dos principais críticos da Copa do Mundo no Brasil em função dos gastos exorbitantes, a falta de planejamento, cumprimento de contratos e prazos e de tantas obras inacabadas ou mal feitas. Mas o mais expressivo são as críticas ás declarações infelizes de personalidades do esporte que abandonaram o bom senso em função de interesses pessoais como Pelé e Ronaldo e a própria Globo que acham que tudo se resolve com uma vitória da seleção. 


No bom e velho estilo "ninguém desafia os interesses da Globo", Romário foi pra geladeira. Mesmo suas críticas pertinentes não ecoam nos noticiários da emissora carioca. Afinal, como diz a musiquinha "... com o coração batendo a mil / é taça na raça Brasil". E que raça. Oh racinha! 


segunda-feira, 2 de junho de 2014

Você mora no meu coração ... mas está a meses com aluguel atrasado!

Meu coração é um condomínio! Ouço essa frase frequentemente e mesmo eu já a usei algumas vezes. Tudo bem se você ama todo mundo e loteia seu coração colocando tanta gente pra dentro. É a cohab do amor e entendo que quem a gente gosta não poderia guardar em outro lugar mesmo. 

Mas como todo condomínio por vezes a gente tem problemas com algum inquilino. Afinal todo amor tem seus altos e baixos e na hora de reservar a churrasqueira ou pagar o condomínio tem gente que as vezes não colabora. Dependendo do condômino, pode botar "a predinho na chon".

Nos primeiros andares está a família. A base. Vira e mexe reforma no prédio, são a eles que acabamos pedindo opinião. Afinal eles também moram lá e sem previsão de mudança são os mais interessados em qualquer eventual reforma ou ampliação. Ou demolição. As vezes você passa semanas sem bater na porta deles mas são os que mais falam na reunião de condomínio. Dão pitaco em tudo. 

Nos outros andares estão os amigos. Na verdade eles estão mais no salão de festas. O movimento nestes andares de xícaras de açúcar, fatias de bolo e até de roupas é intenso. Quando se chama o elevador é num desses andares que ele estava parado. As vezes se passam semanas ser ver esses inquilinos também. Mas se rolar um vazamento (geralmente vindo da cobertura) eles aparecem do nada com lenços, bons conselhos, garrafas de vodka e até ingressos pro cinema para alguma comédia pastelão só pra te fazer rir. Os amigos que moram nesse prédio são os que você realmente pode contar.

Agora, a cobertura é um caso sério. Ampla, sempre bem decorada. Com vista pro mar. Devia ser ocupada por um parente ou um amigo especial. Mas é o amor de nossas vidas que geralmente colocamos lá.

Quando o inquilino que mora na cobertura cuida bem do imóvel o prédio funciona que é uma beleza. Nem elevador precisa de manutenção. Usa o playground com frequência e ajuda a organizar tudo depois. Até ajuda a lavar. Não atrasa o aluguel nem o condomínio. E vez ou outra tem festa que, se não incomoda os vizinhos, até os convida para participar. 

Mas quando o amor que mora lá não faz jus ao aluguel, o prédio desanda. As visitas aos andares de baixo começam a ser mais frequentes. Playground só de chegar perto pode pegar tétano, corroído pelo abandono. Não tem mais festa na cobertura. Começa a atrasar o aluguel e o condomínio. A falta de assistência leva ao caos: estoura o encanamento. A água sai pelos olhos. 

Você tenta protelar o inevitável; promete reforma, melhorar a entrada do prédio com paisagismo, comprar uns brinquedos novos para o playground. E o ocupante da cobertura atrasa mais um aluguel. E estoura outro cano. E mais outro. O pessoal que mora nos andares mais abaixo reclamam. Os dos primeiros andares, que lhe veem chegar e sair sempre cabisbaixo, dizem que precisa de um novo inquilino na cobertura. E quando não se pode fugir mais, dá-se a ordem de despejo. 

Nesse dia parece que explodiu a caixa d'água e o prédio nos próximos dias fica virado numa Cantareira seca. Logo os andares de baixo se ajeitam. Você faz até uma festa no playground. Mas precisa se preparar para a reforma na cobertura.

As vezes demora. Não pode ter pressa. Ali onde morava o amor que você achou que nunca ia precisar botar pra alugar de novo, a cada pincelada de tinta é um misto de lembranças boas e ruins. Deixe a tinta secar a seu tempo. Quebre uma parede se for preciso mas cuidado com os canos. Lembre os porquês dos vazamentos do último inquilino. Aprenda com o último morador e remende as rachaduras pro próximo inquilino não ir morar numa cobertura mal-assombrada. E quando terminar, não tenha pressa de alugar de novo. Curta VOCÊ a SUA reforma. Pior que um coração recém reformado é um mal cuidado.

E você: o atual inquilino tá dando conta ou está precisando de uma reforma?